domingo, 30 de maio de 2010

Debret e a representação do cotidiano escravo

Telas de Debret.

Em 1808 chega ao Brasil à família Real e, mais tarde, um pintor francês que Dom João VI trouxe para retratar as mais belas imagens que havia em nosso país, Jean Baptiste Debret.

A atenção de Debret se voltou para o cotidiano escravo, apesar de retratar o que não havia de tão belo assim (o trabalho escravo). Suas obras se tiveram um valor muito grande nomeando-o como professor de pintura histórica da Academia de Belas Artes.

Como já vimos o escravo era trazido para o Brasil apenas com uma função: trabalhar.
O que despertou mais a atenção de Debret, e que tornou suas obras importantes foi o modo como ele retratava de forma tão real todo esse cotidiano escravo. Pelas ruas da cidade era muito comum vermos escravos trabalhando, muitos deles como “negros de ganho”, assim chamados, porque trabalhavam nas ruas, distante de seus senhores vendendo de tudo e mais um pouco e dividindo os lucros com seus senhores para aumentar suas rendas.

Seja no campo ou na cidade, os escravos não tinham outra finalidade senão trabalhar, o que diferencia são as formas de trabalho, ou seja, no campo o escravo era usado para trabalhar nas lavouras ou fazendo o serviço doméstico enquanto que nas ruas trabalhavam vendendo de porta em porta todo o tipo de mercadoria e até mesmo seu próprio corpo, como era o caso das escravas que eram usadas por seus senhores para se prostituírem e assim arrecadarem mais dinheiro.

Assim como Debret, muitos outros pintores retratavam o cotidiano de nosso país, mas Debret conseguiu mostrar em suas telas as lembranças de uma vida tão sofrida como a que nossos escravos tiveram.


Para saber mais sobre escravidão urbana consultar, entre outros:
 
KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). trad. Pedro Maia Soares. - São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
SILVA, Marilene Rosa Nogueira da. Negro na rua: a nova face da escravidão. São Paulo: Hucitec, 1988.
ALGRANTI, Leila Mezan. O feitor ausente: estudo sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro, 1808-1822. Petrópolis: Vozes, 1988.



Bom pessoal, agora que vocês ficaram conhecendo um pouquinho mais sobre Debret, assim como ele, chegou à hora de usar a criatividade. Analisando as imagens de Debret postadas acima, vocês devem escrever um pequeno texto sobre o que estão vendo nestas imagens. Escolham a que mais chamar sua atenção e boa sorte!

Um comentário:

  1. Só uma complementação: quando nos referirmos aos seres humanos que foram forçados a virem para esta terra, seria interessante chamá-los de africanos escravizados, ou negros, ou pretos, pois chamá-los de escravos naturaliza uma situação que não é natural, parece que vieram para cá sendo escravos. Essa naturalização é umas das formas usadas pelos brancos de justificar a escravidão, a inferioridade do negro, e o racismo.

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