domingo, 30 de maio de 2010

Vamos falar um pouquinho sobre a escravidão...


Para que possamos entender exatamente o que é a escravidão é interessante partirmos do conceito de escravidão.

De acordo com o Dicionário de Conceitos Históricos é difícil explicarmos o que é exatamente escravidão, e a dificuldade reside em fazer a distinção entre os indivíduos submetidos a escravidão em si e aqueles submetidos a outras formas de subordinação. Entretanto, os autores ressaltam que é necessário que qualquer que seja a definição ela deve ser flexível, pois cada sociedade atribuiu particularidades a ela, ainda que, muitas características tenham se tornado universais. (SILVA e SILVA, 2006, p.110). Usar o conceito de forma generalizante pode acarretar na exclusão dessas especificidades inerentes a cada realidade, gerando anacronismo.
Contudo, Kalina Silva e Maciel Silva apontam uma definição satisfatória para o termo escravidão e que foi pensada pelo antropólogo Claude Meillassoux, para quem a escravidão:

"é uma um modo de exploração que toma forma quando uma classe distinta de indivíduos se renova continuamente a partir da exploração de outra classe. Ou seja a escravidão aparece quando todo um sistema social se estrutura com base na exploração e na perpetuação de escravos continuamente reintroduzidos seja por comércio ou por reprodução natural". (MEILLASOUX Apud SILVA e SILVA, 2006, p. 110.)

Os autores discutem ainda a problématica encontrada nas mais diferentes sociedades em que a escravidão esteve presente, para distinguir o escravo dos demais indivíduos submetidos a trabalhos compulsórios, como o servo, por exemplo, e destacam a condição jurídica como o principal fator. Nesse sentido, o escravo se diferencia por ser propriedade do senhor, não sendo reconhecido como pessoa, mas, como objeto. No entanto, daí decorre uma outra questão, pois, por mais que o arcabouço juridico das sociedades escravistas afirmasse tal condição para  escravo, o julgavam como pessoa em situações de crimes e delitos. O interesse em desumanizar o escravo era corrente entre os senhores, o "escravo-coisa" seria o escravo ideal, mas na realidade, no dia-a-dia, isso não era possível de ser sustentado, porque até mesmo para exercer as funções que lhes eram designadas era necessário utilizar a inteligência, ou seja, uma capacidade humana. (SILVA e SILVA, 2006, p. 112-113).

Muitos filósofos, pensadores, cientistas sociais susterantaram por muito tempo essa noção engessada da instituição escravidão e do próprio escravo, porém, pesquisas mais atuais acabaram por superá-la. No Brasil, sobretudo a partir da década de 1980, os autores começaram a atentar para as relações interpessoais entre senhores e escravos, e importantes trabalhos foram mostrando o quão diversa e complexa é a instituição da escravidão. Se por um lado não se pode negar o âmbito dos castigos corporais, da dureza das atividades impostas, por outro é impossivel continuar afirmando que o cativo não possuia vontades, não defendia os seus interesses. Muitos mecanismos de defesa, de negociação foram sendo apontados por historiadores, em importantes trabalhos, nas últimas décadas, como Sidney Chalhoub, João José Reis, entre outros.

A escravidão no Brasil perdurou por alguns séculos, tendo íncio no século XVI, com as lavouras de açúcar. Os cativos aqui chegavam para trabalhar nas mais diversificadas funções, primeiro destinados ao campo, como vimos, e mais tarde, também na cidade. Chegavam sempre em grandes quantidades, trazidos em navios, sem a menor condição de higiene, os chamados navios negreiros. No Dicionário do Brasil Imperial (1822- 1889), Ronaldo Vainfas, mostra algumas estimativas da entrada de escravos nos portos brasileiros: 100 mil africanos no século XVI, quatro milhões nos séculos XVII e XVIII; e mais de um milhão e meio, nos últimos 50 anos do tráfico, na primeira metade do século XIX. Isso sem mencionar os que morriam no trajeto até o Brasil. (VAINFAS, 2002, p. 237).

Ao chegarem era levados aos mercados de escravos, onde eram vendidos com base nas suas características físicas, pois assim, o senhor julgava a capacidade de produção do cativo. A região de onde vinham também influenciava na hora da compra, uma vez que, em cada região desenvolviam-se atividades diferentes e poderia acontecer do escravo ser melhor adaptado a determinada atividade.  As condições de vida eram  precárias, o trabalho, sobretudo, nas lavouras era pesado. Os escravos tinham que adaptar-se a uma nova realidade e a uma cultura totalmente diferente da sua.
Agora que já fizemos uma pequena introdução vamos aos comentários, ou melhor, ao trabalho!




Referências:

SILVA, Kalina e SILVA, Maciel. Dicionário de Conceitos Históricos. 2. ed. - São Paulo: Contexto, 2006.
VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

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